terça-feira, 4 de junho de 2013

Web é arma contra ditaduras, afirmam executivos do setor x Nova Era Digital - Amigão Geo Política x Amigão Educação x Amigão Digital


















A internet poderá realmente um dia salvar o mundo?
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Isso talvez seja exagerar as premissas apresentadas em "The New Digital Age" (a nova era digital), mas não muito.
Escrito por Eric Schmidt, presidente do conselho do Google, e Jared Cohen, diretor do instituto de pesquisa da companhia, o livro expõe argumentos em geral otimistas para explicar por que os tiranos do planeta deveriam tremer diante do acesso universal à web.
Se existe uma crença que orienta o livro, ela pode ser resumida pela sentença: "Em termos gerais, a conectividade encoraja e facilita o comportamento altruísta".

Os autores argumentam que a maioria das pessoas tem tendências moderadas e rejeita o extremismo que pode desestabilizar uma sociedade. Basta permitir que se conectem a outras pessoas parecidas com elas e o mundo será um lugar melhor.
"O melhor que qualquer um pode fazer para melhorar a qualidade de vida no mundo é promover a conectividade e as oportunidades tecnológicas", concluem.
Se aplicada às complexidades dos assuntos internacionais, essa visão corre o risco de soar ingênua. É certamente o que o Departamento de Estado norte-americano parecia acreditar quando Schmidt realizou uma viagem à Coreia do Norte no começo do ano, para explicar a importância de o país se abrir à internet.

O serviço diplomático americano, no entanto, encarou a visita como uma demonstração inocente de apoio a um regime sinistro.
O episódio parece mostrar que Schmidt agora se vê como uma espécie de estadista internacional da web. Em companhia de Cohen, ele propõe no livro prever como o uso mais amplo da internet mudará o mundo, tomando por base eventos recentes como os levantes árabes e a censura online chinesa.
O livro começa pela premissa de que a maioria da população mundial em breve desfrutará livremente do acesso á informação on-line.
Segundo os autores, em breve viveremos em um mundo no qual muita coisa é gravada e nada é apagado.
Nesse mundo. Estados repressivos terão "uma vantagem perigosa para o controle de seus cidadãos". A população desses países terá de lutar com mais afinco por seus direitos. Mas terão à sua disposição "ferramentas e software" criados para "ajudar a salvaguardar os cidadãos que vivem sob repressão digital".

Isso resume o otimismo fundamental do livro: o de que "para cada aspecto negativo haverá uma resposta que tem potencial substancialmente positivo".

O território que a obra cobre é delicado para o Google. A empresa já detém montanhas de dados sobre seu mais de 1 bilhão de usuários. E os autores evitam a questão sobre como esses dados serão utilizados.

Outro risco é o de que a internet, nas mãos de governos astutos, torne-se uma ferramenta de propaganda.

Governos bem orientados quanto ao uso dela, dizem, encontrarão formas de controlar a inquietação que borbulha on-line, criando "respiros" que permitam que a oposição expresse suas queixas.

Os autores reconhecem, porém, que, embora o ambiente on-line tenha ajudado a alimentar levantes populares, fez pouco (até agora) para criar movimentos revolucionários duradouros.

Schmidt e Cohen estão certos ao apontar para os efeitos perturbadores e abrangentes da internet, mas as tentativas dos Estados de exercer controle sobre o mundo virtual mal começaram.

E é cedo demais para prever que fim essa história terá.
RICHARD WATERS é editor do jornal "Financial Times" nos Estados Unidos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI - Fonte - Folha SP

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